03 maio 2007

Fuga

Dirigia seu carro como nunca antes. Avançava os sinais sem olhar para os lados. Apenas dirigia. Só tinha olhos para o carro que a seguia de perto, sem hesitar.

Corria como louca. Acelerador no máximo. Ergueu o volume do rádio para não ouvir o som da buzina que soava incansável. Já era tarde da noite, mas não sentia nenhum sinal de cansaço. Sabia que poderia dirigir a noite toda se fosse preciso.

A cidade vazia colaborava com a perseguição. O carro de trás dava sinais de luz, mas ganhava como resposta cada vez mais velocidade. Ela só queria chegar em casa.

Os carros ficam lado a lado em uma avenida. O motorista que a seguia faz sinais para que espere. Ela não pára. Desconta toda a sua raiva no acelerador.

Já consegue ver seu prédio no final da rua. Logo estaria segura e não precisaria ver aquele rosto nunca mais.

Quando chegava no portão foi fechada pelo carro que a perseguia, impedindo assim sua entrada no estacionamento. Por pouco não bate.

O motorista sai do carro, abre sua porta, que após o fervor da discussão ela havia esquecido de travar.

Ela sai do carro e o observa com fúria por alguns segundos e inesperadamente lhe dá um ardido tapa no rosto. A ele só resta revidar. Segura-a firmemente pelos braços, empurrando-a contra o carro e a beija com o mesmo ardor do tapa que acabou de levar.

Na manhã seguinte dois molhos de chave repousam na cabeceira de sua cama...

Um comentário:

Professor disse...

muito bom.... realemnte muito bom... PArece coisa de a vida como ela é...