15 abril 2007

Auto-retrato

Sentada no balcão de um bar ela pede mais uma dose na tentativa de afastar os medos, amenizar a insegurança talvez. O álcool lhe causa uma agradável sensação de poder. O que mais precisa nessa hora é um pouco mais de confiança. As roupas ousadas e as unhas vermelhas não passam de uma tentativa frustrada de transgredir suas regras pessoais, em busca de algo que não é...

Acende mais um cigarro. Promete a si mesma que só fuma em momentos de tensão, mas já pensa em comprar mais um maço. Pensou que havia nascido para ser arquiteta, mas em muitas das vezes chega a conclusão de que só continua com tudo isso por que é teimosa demais para largar tudo agora, e já que começou, que ao menos seja bem feito.

Termina o copo em um só gole. Ela o fita de relance. Seus olhos apenas pedem para sair dali. Ele levanta, paga a conta. Suas mãos se tocam. Mas nenhuma palavra é dita.

Ele pára o carro. A observa. Ela não se despede. Apenas sai. Talvez isso seja um adeus. Sem despedidas, sem um beijo. Crueldade? Não... Autopreservação, eu diria.

Ela entra no apartamento escuro. Repara que se apaga a última luz do prédio em frente ao seu. Todos se foram.

Joga um pouco de água no rosto e se observa no espelho. Se acha bonita. Não por ser um exemplo de beleza, mas por uma tentativa de recuperar a já perdida auto-estima. Os olhos borrados de maquiagem acentuam o olhar triste, quase melancólico, o olhar de quem nunca amou.

Ao se deitar logo pega no sono. O efeito da bebida ajuda a curar a insônia. Dorme como quem não tem culpa. Sem se dar conta de que no outro dia, mais uma vez, vai se arrepender de tudo que não fez. Sem saber que, no outro dia voltarei a ser somente eu.

6 comentários:

Professor disse...

surrealista.... me fez pensar mais... mas muito bom tb.... achei que vc ia demorar, mas está bem legal....

Anônimo disse...

Eu tentei ligar no seu celular este sábado, pra agente ir lá na vox...

Acabei indo só com uns amigos e virando babá daquele que eu comentei contigo estar tendo problemas no casamento.

Domingo te liguei em casa... Zeca me atendeu com o vozeirão firme me dizendo que nem com celular vc estava...

A secretária deve estar bem ocupada... [:)]

Um beijo doce pra ti, eu quero muito te ver.

Anônimo disse...

me calo... vc me prendeu a voz.

Unknown disse...

Oi Menina.. li seus textos e gostei muito.. eu me arrisco a escrever mas não a publicar.. hehe
Eles são bem como os que eu gosto de ler..
Beijinhos!!!

Anônimo disse...

Muito bonito. E muito triste. Mas eu gosto ;)

Você e o Álvaro combinaram os posts? Ficou muito boa a idéia!

Beijo

Professor disse...

Está na hora de atualizar, né!? (eu sei que você odeia isto, por isto faço...) a última vez que conversamos você estava cheia de idéias e tal....

beijos