29 maio 2007

Dos Três Mal Amados

O amor comeu meu nome, minha identidade, meu retrato
O amor comeu minha certidão de idade, minha genealogia, meu endereço
O amor comeu meus cartões de visita,
O amor veio e comeu todos os papéis onde eu escrevera meu nome
O amor comeu minhas roupas, meus lenços e minhas camisas,
O amor comeu metros e metros de gravatas
O amor comeu a medida de meus ternos, o número de meus sapatos, o tamanho de meus chapéus
O amor comeu minha altura, meu peso, a cor de meus olhos e de meus cabelos
O amor comeu minha paz e minha guerra, meu dia e minha noite, meu inverno e meu verão
Comeu meu silêncio, minha dor de cabeça, meu medo da morte.

João Cabral de Melo Neto

8 comentários:

Anônimo disse...

gostei da poesia, mas não aumentou a minha simpatia pelo João Cabral

Anônimo disse...

João Cabral... muito bom.. ler em blog um pedaçinho da obra desse engenheiro da poesia!

Bjo de poeta!

Anônimo disse...

Triste... Não gostei.

Gosto mais dos que têm fome, e não dos que se dizem fartos.

Me soa como... Desistir.

Não me agrada, me entristece.

Anônimo disse...

O amor é assim, guloso mesmo!!!!!

Eduardo Vilar disse...

é do tipo de poesia que eu leio e não sei se eu gosto ou não... na dúvida, eu digo que é bastante interessante. gostei de como ele trata o amor sem julgar, acho que tem coisas alí que depende da pessoas pra dizer se são boas ou ruins. eu não me importaria muito em perder metros e metros de gravatas hehe

achei seu blog na comunidade Blogger do orkut. beijos!

LSA disse...

Sublime! Delicado..
Apesar de toda essa voracidade, de toda essa fome!
Mostra justamente como o amor sempre destrói e constrói a gente!
Já ouviram ele recitado pelo Cordel do Fogo Encantado???
PERFEITO!

Menina Lunar disse...

Maravilhoso mesmo..
Ganhei um livro dele dia desses, tô adorando.

Adorei tudo aqui tbm.

=]

Beijo!

Anônimo disse...

Vamos atualizar isto aqui!?