03 abril 2007

Incertezas

Ela abre de novo seu blog na internet, na esperança de que mesmo depois de um mês da última postagem algum comentário novo surja. Mesmo que seja algum amigo dizendo: “Você não vai atualizar isso aqui não?!” No fundo comentários assim sempre acabam lhe motivando a tentar escrever algo.
Mas nada. Tudo igual. Os mesmos 5 comentários que estavam lá ontem, semana passada, retrasada. Cada vez que abre insistentemente sua página, duas, três vezes ao dia, a sensação de vazio aumenta mais e mais. Por que não escrever algo? É simples. Todo mundo consegue! Mas a página em branco é sempre um problema. Folhas em branco sempre a assustaram. Nunca foi muito boa em dar o primeiro passo, essa coisa do desconhecido não lhe agrada muito. Prefere a segurança da rotina a se aventurar em incertezas. Talvez por isso esteja sozinha.
Faz uma xícara de chá, o amargo parece limpar a alma, ou punir as atitudes incertas que talvez tenha pensado em cometer. Para que se arriscar afinal?
Faz um carinho no cachorro que dorme ao lado da cadeira. Na verdade preferia um gato, mas as coisas nem sempre são como gostariam. Talvez tenha cachorros por que são muito mais previsíveis. Quem sabe um dia tenha um gato.
A folha continua em branco e os mesmos 5 comentários a perturbar. Por que não escrever sobre amenidades?! Costumam dar ibope! Tenta algo sobre pessoas... mas as idéias passam... Escreve uma linha, duas... Não, apaga. É inútil... Pega mais uma xícara de chá, preparada para a insônia que virá. Sabe que mais de duas xícaras são sinônimos de uma noite instável. Por que não a certeza de um sono tranqüilo? Já está se arriscando demais por hoje mocinha...
As idéias não vêm, e quando vêm não passam mais de cinco minutos no papel antes de serem rabiscadas, ou amassadas e atiradas ao cesto de lixo. No fundo não escreve por falta de criatividade, mas por um indesejável instinto de auto-preservação. Talvez tenha medo de demonstrar demais suas fraquezas naquelas poucas linhas.
Amassa mais uma folha de papel... Enche mais uma xícara. Promete que aquela será a última. Tenta escrever sobre si mesma... Talvez isso funcione, pelo menos uma vez. Não. Rabisca as três linhas que havia escrito, apaga a luz e vai se deitar. Afinal, por que insistir nessa teimosia de tentar escrever algo, se é tão mais seguro confiar na presença dos mesmo 5 comentários que já se tornaram rotina. A noite provavelmente será longa. Quem sabe amanhã tente escrever algo sobre essas incertezas.

3 comentários:

Anônimo disse...

muito bom... Gostei da angustia de tentar escrever e não conseguir.... Também Padeço muito deste mal...

beijos

Márcia disse...

Bonito blog...

Lindo gatinho...

Beijinhos

Anônimo disse...

Ai, ai, ai, eu sofro tanto com isso. Ainda bem que não sou o único, então ;)